segunda-feira, 5 de maio de 2008

Cidade




Cidade, rumor e vaivém sem paz das ruas,
Ó vida suja, hostil, inutilmente gasta,
Saber que existe o mar e as praias nuas,
Montanhas sem nome e planícies mais vastas
Que o mais vasto desejo,
E eu estou em ti fechada e apenas vejo
Os muros e as paredes, e não vejo
Nem o crescer do mar, nem o mudar das luas.

Saber que tomas em ti a minha vida
E que arrastas pela sombra das paredes
A minha alma que fora prometida
Às ondas brancas e às florestas verdes.
(Sophia de Mello Breyner Andresen)

1 comentário:

Anónimo disse...

Bonito poema!!!

Não vês porque não estás para aí virado neste momento, nem consegues ver mais nada senão a penumbra da tua alma e do teu estado de espírito, mas vais ver que uma janelinha se vai abrir para deixar entrar o sol e permitir-te ver a mais bela paisagem da tua imaginação.
Força, estás no bom caminho.
beijos
yoguini